14 de Fevereiro de 2014

“Rolezinhos”, o novo fenômeno da sociedade de consumo.

A onda de “rolezinhos” assolou o país e é a manifestação da vez. Convocados via redes sociais eles ganharam espaço com garotos da Zona Leste de São Paulo que buscam, como divertimento, “catar umas minas”, “rever os parça”, “dar uma tumultuada”,”zoar,dar uns beijos”. 

Eles formam uma tribo de meninos e meninas com roupas e indumentárias típicas ancoradas por grifes da moda.
Os shopping centers escolhidos pelos “rolezinhos” acionaram os seguranças e a polícia para conter o fenômeno que registrou em alguns casos correria e furtos. A PM usou bombas de gás para dispersar os jovens que participavam de um “rolezinho” no shopping Metrô Itaquera, na capital paulista.
Opiniões contrárias e a favor dividem as opiniões e ganham espaço na mídia nacional e internacional. O fenômeno foi matéria do jornal americano ‘The New York Times’.Em sua edição de domingo, 19/01, diz que a polêmica “pode reacender a onda de protestos do ano passado”.
Para a antropóloga e professora da Universidade de Oxford, na Inglaterra, Rosana Pinheiro-Machado, a escolha de shopping centers para os “rolezinhos” é a ocupação de um templo do consumo. “Ir ao shopping é se integrar, pertencer à sociedade de consumo”, conclui.
Alguns jovens protagonizam os eventos nos shoppings e se sobressaem por terem até 50 mil seguidores no Facebook. São adolescentes que viraram celebridades na internet. Eles fazem parte de um grupo de meninos e meninas que passam os dias conectados no celular e na internet, combinando e convocando os novos eventos.
A truculência policial, as ações judiciais dos shopping centers para impedir a ação dos “rolezinhos” e a opinião pública recheiam o noticiário e são destaques.
Para preservar a segurança de seus freqüentadores, os shopping centers não descartam entrar novamente na Justiça em busca de liminares que impeçam novos “rolezinhos”.
Pesquisa da Datafolha sobre o fenômeno do verão vem confirmar que a população da cidade é bem conservadora: 82% dos paulistanos se dizem contra os encontros de jovens da periferia em shopping centers.(Folha de São de São Paulo, 23/01/2014).
Essas transformações por que passa o Brasil evidenciam uma carência de espaços públicos de convívio social. E revelam, através desses eventos, que o país não está preparado para conviver com as manifestações populares. E que governantes das esferas municipal, estadual e nacional divergem nas opiniões e nas propostas das ações para solucionar o novo fenômeno.
Discussões como essa engrandecem a sociedade, mas, evidentemente, protestos devem ser pacíficos e o medo que tem se mostrado presente nessas discussões é a volta dos “Black blocs” tumultuando e trazendo violência e depredações aos rolezinhos.
Mas, por enquanto, essas manifestações têm sido pacíficas e há quem diga, inclusive, que podem ser chamadas de manifestações haja vista que muitos adolescentes parecem nem saber por que estão lá.
Mesmo assim, o fenômeno não pode ser ignorado e seu sentido precisa ser buscado. Por enquanto são manifestações seguras e os únicos riscos são aqueles próprios da aglomeração de grandes grupos: quedas, pisoteamento e acidentes durante os eventos.
Os seguranças e autoridades policiais que protegem o patrimônio devem estar preparados para essas manifestações, seguindo um protocolo de conduta cujo primeiro passo deve ser o não uso da violência e em hipótese alguma a utilização de armas de fogo. Devem agir apenas em situações de excesso e riscos significativos.
No restante, basta acompanhar algo que é próprio da juventude e comum em outros países: a reunião de grupos para protestar, mesmo que não saibam exatamente sobre o que.

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