15 de Agosto de 2013

Por que Trabalhar com Menores Aprendizes?

Os empresários brasileiros, diante de tantas obrigações legais e onerosas imposições, estão habituados a “torcerem no nariz” para as leis que obrigam as empresas a cotizarem seus quadros funcionais.

Não podemos tirar a razão deles, pois tem sido muito duro dar emprego no Brasil nas duas últimas décadas. Mas também devemos apontar que, diante disso, eles podem não aproveitar grandes oportunidades, por encararem essas obrigações legais apenas como mais um fardo.

Estamos nos referindo a Lei da Aprendizagem (10.097/00) que determina que empresas de médio e grande porte tenham em seu quadro funcional uma porcentagem entre 5% e 15% de aprendizes. Os jovens devem ter entre 16 e 24 anos, estarem matriculados no ensino fundamental ou médio e frequentarem cursos de formação oferecidos por instituições de assistência social e ensino profissionalizante.

Um dado curioso merece ser colocado como aparte: Essas instituições diminuíram 20% entre 2008 e 2010, quando foi realizada a última medição pelo Dieese e pelo Ministério Público do Trabalho. Em 2008, haviam 1.589 instituições cadastradas  em 326 municípios brasileiros. Em 2010, foram registradas 1.258. Todas, para exercerem suas funções, devem estar registradas do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente.

Esses jovens, que de acordo com o Ministério Público do Trabalho somavam 262 mil em 2011, devem conciliar estudo e o primeiro emprego, além de um dia por semana serem liberados do trabalho para treinamento na entidade qualificadora.

Essa carga horária reduzida e a inexperiência desses jovens profissionais fazem com que o empregador subestime o valor do processo, deixando de retirar valor dessa experiência, principalmente à possibilidade da descoberta e retenção de talentos precoces. Em tempos de escassez de mão de obra comprometida e pró-ativa, identificar, reter e sobretudo formar jovens em sintonia com os valores da empresa é uma oportunidade única.

No Grupo Segurança, empresa de segurança, a taxa de contratação dos menores aprendizes que trabalharam ou trabalham atingiu o promissor resultado de 38% desde o início do programa. Consideramos que grande parte do segredo desses números depende do acompanhamento dos gestores do processo pelo setor de recursos humanos, para que os líderes ampliem suas visões do processo, não o vendo como obrigação e sim como oportunidade. Esses líderes são preparados para ensinar, ser pacientes, dar tarefas cuja responsabilidade vá sendo gradativamente ampliada, incentivar e sobretudo, ter a consciência que eles lidam com uma nova geração, cujos valores diferem enormemente das suas.

Lembramos de um menor aprendiz que foi efetivado na área administrativa do Grupo Segurança: era um rapaz esportista, de cabelos enormes, que não se separava do seu MP3 . Era só iniciar um trabalho a sós, que o botão do play era ativado e para falar com ele, sua chefe precisava ser vista, pois não adiantava chamá-lo, visto que os ouvidos estavam sempre ocupados pela música. Contrariando a primeira impressão, esse rapaz desenvolveu muito bem seu trabalho, o que levou a sua contratação. Posteriormente, vieram promoções, até o momento em que ele decidiu seguir seu  caminho e abrir seu próprio negócio de esportes.

Valeu à pena o trabalho com ele? Certamente e para os dois lados: ele contribuiu com a empresa e ajudou na formação dos gestores que tiveram que rever seus preconceitos e para ele foi visível o amadurecimento pessoal e profissional, que possibilitaram a realização de um sonho pessoal.

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