Atraídas pelo discurso do dinheiro fácil, pessoas estão sendo tiradas das periferias do Brasil e levadas para a Europa e os EUA para que lá sejam submetidas à prostituição, trabalho escravo ou até mesmo transformadas em fornecedoras de órgãos para transplantes.
Dados do Ministério Público e da Polícia Federal revelam que o número de brasileiros levados para o Exterior por traficantes já soma 70 mil. Até receber seus passaportes, pessoas de pelo menos 520 municípios em todo o Brasil são aliciadas e ficam aguardando em hotéis, pequenos abrigos ou pontos de prostituição.
Atento, por princípio e como prestadora de serviços à necessidade de preservar a dignidade do ser humano, o Grupo Segurança vem evidenciar esse crime que envergonha a humanidade e é um fenômeno mundial: o tráfico humano.
Tema da Campanha da Fraternidade de 2014, essa questão estimula a uma reflexão sobre nosso papel como cidadãos de ficarmos indiferentes a esse crime que atenta contra a segurança da vida das pessoas. Mais que um exame de consciência diante desse delito está como nos portamos diante de quatro modalidades do tráfico de pessoas:
1- Exploração sexual – atinge principalmente mulheres, inclusive crianças e adolescentes.Aqui, o uso do corpo como uma mercadoria para fins lucrativos atinge a dignidade de seres humanos que ficam à mercê, por parte dos aliciadores, da pornografia, do turismo e da internet para atenderem aos objetivos de gente inescrupulosa.
2- Trabalho escravo – na maioria homens, dados revelam que entre 2003 e 2012 foram registrados mais de 62 mil casos de exploração do trabalho escravo. Além de cercear a liberdade, avilta os direitos humanos de quem involuntariamente é submetido a esse tipo de infração contra os direitos humanos.
3- Tráfico de órgãos humanos – atingindo tanto adultos quanto crianças e adolescentes, criminosos aproveitam-se da vulnerabilidade social e econômica das vítimas para a compra e venda de órgão para transplantes. Um atentado quanto aos princípios elementares da ética que versa sobre a civilidade da vida humana.
4 - Tráfico de crianças e adolescentes para adoção- Ilegal, essa prática mostra que na década de 80 cerca de 20 mil crianças brasileiras foram enviadas para o exterior para adoção ilícita. Mais um caso ultrajante que expõe a fragilidade dos mecanismos de repressão a essa prática de exploração de um comércio proibido.
Os destinos mais frequentes, além de Portugal, são Espanha, Itália e Venezuela. De acordo com a PF, as quadrilhas que comandam o tráfico de pessoas só perdem em lucratividade para as de tráfico de drogas e de armas. Outro problema, até mais grave, é o alto grau de corrupção que envolve essa modalidade de crime. “O tráfico é diretamente dependente da corrupção. No caso do Brasil, esbarramos também na falta de informações oficiais. Um país sem controle e sem números sobre um crime é um país sem ordem”, diz Andrea Sacco,promotora do MP do Distrito Federal(Isto É Brasil). O Brasil vem reagindo nos últimos anos e através de instituições como o Ministério Público e a Polícia Federal já cria mecanismos para desarticular essas quadrilhas. Já se tem um mapa de rotas onde os criminosos estão concentrados, assim como já foi feito um amplo levantamento sobre a forma de atuar desses traficantes.
Lembrando que por mais que estejamos alerta, devemos redobrar nossas atenções aos cuidados com nossos filhos, parentes e amigos. Em locais de grande fluxo de pessoas, como supermercados, shows, ginásios esportivos, parques é importante estarmos vigilantes quanto à segurança das pessoas que dependem de nossos cuidados. Reafirmando, também merecem cuidados as propostas de trabalho no exterior que oferecem grandes vantagens, iludindo jovens em busca de sucesso e ascensão. Ajude-os a verificar criteriosamente qualquer proposta de emprego no exterior antes de aceitá-lo.
O governo federal tem adotado medidas contra o tráfico, como o Plano Nacional de Combate ao Tráfico de Pessoas. Disque 180 para denunciar. O seu engajamento e uma série de ações tomadas tornarão o crime mais visível e dificultará a ação dos criminosos. A ação em favor da cidadania é uma responsabilidade social que baliza as funções do Grupo Segurança.
