6 de Dezembro de 2012

AIDS e Segurança

A AIDS/SIDA ou síndrome da imunodeficiência adquirida foi identificada pela primeira vez no Brasil em 1982. Trata-se de uma doença que atinge todos os segmentos da sociedade independente de condições socioeconômicas.

No Brasil estimamos que existam 630 mil pessoas vivendo com o vírus causador dessa doença, o HIV. De 1980 até junho de 2009 foram registrados 217.091 óbitos em decorrência da doença e cerca de 33 mil novos casos são registrados todos os anos no país. Do total dos casos, mais de 80% estão concentrados na região Sudeste e Sul do Brasil.

Infelizmente, ainda existe um estigma que cerca os portadores da doença, mesmo sabendo que o contágio não ocorre através do convívio social com um soropositivo. Lembrando que o indivíduo só é contaminado se tiver contato direto com o sangue ou com secreções de uma pessoa contaminada, como o contato íntimo sem preservativo em uma relação sexual .

A falta de conhecimento e o preconceito fazem com que muitas pessoas que realizam o teste de HIV não retornem para buscar o resultado, transformando o que poderia ser uma doença crônica tratável em uma sentença de morte, além de perpetuarem a propagação do HIV.

Falando um pouco do ambiente coorporativo, na grande maioria das ocupações e meios profissionais não existe o risco de adquirir ou transmitir o vírus HIV. Não obstante, os locais de trabalho podem desempenhar uma função primordial na educação sanitária, como já ocorre em vários países.

Uma vez que a educação é o melhor meio de convencer os indivíduos da necessidade de modificarem seus comportamentos de risco e reduzirem ao mínimo os temores e prejuízos baseados na ignorância é importante aproveitarmos os locais de trabalho para essa atividade. As estratégias de educação devem apoiar-se em uma colaboração ativa entre os trabalhadores e a direção da empresa, através de aulas/palestras e vivências reflexivas com profissionais capacitados para essas funções.

Diante desse contexto todos os esforços e investimentos feitos no campo da prevenção e da assistência às pessoas portadoras da síndrome são muito importantes.

Vale lembrar que, diante de uma doença ainda sem cura, dois pilares são fundamentais:

1)    Comportamento seguro

2)    Combate ao preconceito

Em relação ao primeiro pilar, devemos considerar que o conceito inicial de grupo de risco esta ultrapassado atualmente e há tempos a AIDS deixou de ser uma doença de homossexuais ou drogados como era considerada no inicio da sua descoberta. Atualmente, ela esta presente em todos os grupos e a constatação disso esta no aumento do contágio entre mulheres heterossexuais. Portanto, o sexo com segurança e o uso não coletivo de seringas tornaram-se fundamentais. A segurança também se tornou uma prática obrigatória nos procedimentos que envolvem transfusão sanguínea.

Quanto ao segundo ponto, o preconceito atrapalha o tratamento preventivo, a busca de ajuda e o apoio necessário: ferramentas fundamentais para manutenção da qualidade de vida.

Para concluir, os serviços de medicina do trabalho das empresas devem ter em mente esses dois pilares para proporcionarem aos empregados atividades que cerquem as dificuldades que envolvem a síndrome, através de um trabalho de orientação e aconselhamento.

 

Texto escrito por dra. Mariana Milanezi, médica do trabalho do Grupo Segurança.

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